Eles falam: Lídia Cacho

Eles tinham

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Eles falam é um livro que compila testemunhos de homens que sofreram ou infligiram violência doméstica ou de qualquer outra natureza. A obra foi escrita pela jornalista, especialista em direitos humanos e premiada autora mexicana Lydia Cacho. Foi publicado pela editora Grijalbo em 2018. Depois de seu lançamento — e como já aconteceu em diversas ocasiões com títulos deste escritor — foi recebido com grande fúria por críticos e leitores.

Através de Eles falam, Lydia Cacho gera debate social sobre as origens do machismo e da violência. Mas, desta vez do ponto de vista dos homens, pessoas que foram maltratadas na época e que, a partir de então, normalizaram comportamentos agressivos para com suas esposas, filhos e seu ambiente em geral. Existe um ponto de partida para mudar a forma de conceber o papel do homem?

Sinopse de Eles falam

O outro lado da conversa

Eles falam aborda um problema global: como, em nossa sociedade moderna, repleta de avanços tecnológicos e científicos, vivemos em um mundo onde as vozes de uns pesam mais que as de outros. Neste caso particular, Lydia Cacho fala sobre um ambiente machista que muitas vezes silencia as mulheres.

No entanto, a autora cria uma estratégia interessante para apoiar sua discussão: pára do outro lado da trincheira e faz perguntas a quem costuma, e segundo as estatísticas, cometer os crimes. É quase estranho que um texto que procura dialogar sobre os maus-tratos às mulheres seja protagonizado principalmente por homens, a quem fala diretamente para tentar encontrar aqueles recantos sombrios que os levam a agir de determinadas formas.

Pode ser se os papéis fossem invertidos, a conversa teria sido ainda mais extravagante. Já que os homens teriam que sentar e ouvir quantos deles foram atacados.

Machismo como uma construção social

Em sua pesquisa, Lydia Cacho não procura culpados, mas para dar voz a um fenômeno que ocorre desde que o mundo deixou de ser primitivo para dar lugar às grandes sociedades: o machismo. Falar sobre como começou ou quem mais comete já foi exposto em muitos livros feministas antes de Eles falam, de modo que a perspectiva deve mudar para que um consenso mais efetivo seja alcançado.

Nesta luta, o ponto de vista dos homens tem sido: seja minimizado ou exagerado. Para ampliar o panorama, Lydia Cacho optou por entrevistar uma série de homens com vidas muito desiguais. Ora, há um aspecto muito importante em comum: todos já foram abusados ​​por outros homens em condição de poder superior. Esses maus-tratos os levaram de uma forma ou de outra, mas os marcou para sempre.

Estrutura da obra

Eles falam Está dividido em três partes: o primeiro narra a repercussão do machismo dentro da família. A segunda centra-se na entrevistas e depoimentos de todos os homens que participaram da pesquisa e serviram como informantes. A terceira, expõe dados estatísticos e conclusões relacionadas com a papel do homem agressor na formação do homem abusado.

Além disso, o texto contém imagens explícitas que mostram abuso psicológico, abuso físico e até assassinato. Da mesma forma, há uma abordagem clara de como os homens que são forçados a viver nessas circunstâncias devem enfrentar as consequências disso.

Alguns deles não conseguem quebrar o padrão de abuso, e demonstram um machismo profundamente enraizado. Outros simplesmente agem de acordo com o que aprenderam, e outros não têm consciência do abuso que sofreram.

Por que escolher o ponto de vista masculino?

Após o lançamento de Eles falam gerou-se um problema relacionado com a leitura superficial da obra. Leitores menos informados argumentaram que não era possível escrever um livro que narrasse o machismo na perspectiva dos homens., uma vez que estes são geralmente os perpetradores. A esse respeito, Lydia Cacho alega que uma criança que se sente protegida e ouvida raramente será um agressor.

Nesse sentido, é fundamental realizar um redesenho na formação tradicional dos homens. Apenas acabando com um padrão de abuso é possível acabar com um agressor. Muitas pessoas parecem esquecer, mas geralmente um homem abusivo é consequência de uma figura paterna mais terrível do que a primeira. Talvez a mensagem mais importante de Eles falam é que todos nós pertencemos ao mesmo sistema opressor, tanto mulheres quanto homens.

Sobre o autor, Lídia Maria Cacho Ribeiro

Lídia Cacho

Lídia Cacho

Lydia María Cacho Ribeiro nasceu em 1963, na Cidade do México. Ainda muito jovem, a autora se envolveu em lutas pelos direitos humanos, ideais herdados da mãe, psicóloga ativista feminista. Lydia costumava enfrentar as várias instituições governamentais para obter avanços em favor de organizações voltadas para a proteção de crianças e mulheres. Essa paixão a levou a estudar jornalismo, especializando-se em direitos civis.

Em 2004, a escritora se envolveu em um escândalo após publicar seu livro Os Demônios do Éden. Este material é uma investigação que apresenta depoimentos de pessoas que foram obrigadas a prestar serviços sexuais a membros muito importantes do gabinete do governo, além de outros efeitos do México e de outros países. O lançamento do título fez com que Cacho tivesse que deixar sua cidade natal por vários meses.

Lydia Cacho foi uma vítima de sequestro. Este evento foi patrocinado pelas mesmas pessoas que ela acusou de tráfico sexual em seu livro.. Ao final, as autoridades competentes conseguiram demonstrar a veracidade dos fatos levantados na investigação, e o principal responsável foi transferido para um presídio no Arizona. Até hoje, Lydia continua investigando e colaborando com instituições dedicadas aos direitos humanos.

Outros livros de Lídia Cacho

  • Morda o coração, morda o coração (2003);
  • Os Demônios do Éden (2004);
  • Essa boca é minha... e sua também (2007);
  • Memórias de uma infâmia (2008);
  • Com minha filha @ NÃO (2009);
  • Escravas do poder: tráfico sexual (2012);
  • O silêncio é nosso, Artes do México e do Mundo (2013);
  • Slavery Inc, imprensa de crânio macio (2014);
  • Sexo e amor em tempos de crise (2014);
  • Procurando por Kayla (2015);
  • Infâmia, Soft Skull Press (2016);
  • A ira do México (2016);
  • Os Sofrimentos do México, Maclehose Press (2017);
  • Ciberespiões ao Resgate: Em Busca de Sam (2017);
  • Cartas de amor e rebeldia (2022);
  • rebeldes e livres (2023).

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