Pablo del Rio É palenciano e formou-se em Filosofia. Trabalhou como professor de Filosofia e Ética no ensino secundário antes de se dedicar ao cinema e fundar a sua própria produtora cinematográfica, a Cameraman. Escreva romances policiais e depois doze avós tirou Oito quinta-feira. Nesta entrevista ele fala sobre ela e outros assuntos. Eu realmente aprecio seu tempo e gentileza.
Pablo del Río — Entrevista
- LITERATURA ATUAL: Seu último romance é intitulado Oito quinta-feira. O que você nos conta sobre isso e de onde veio sua inspiração?
PAULO DEL RÍO: O romance possui três tramas que avançam paralelamente, sem nenhuma ligação aparente, o que gera grande confusão no leitor: o objetivo que eu procurava.
A história começa nos Picos da Europa, onde o cadáver em decomposição de um alpinista aparece dentro de uma caverna. Ele não tem documentação, nem celular ou chave do carro. Um grande mistério para a Guarda Civil de Torrelavega quem cuidará do caso.
A segunda trama tem a ver com um tenista famoso. Num hospital de Santander, ele passou por uma cirurgia no pulso após uma queda durante um treino. Ao acordar da anestesia, ele percebe que não consegue mover três dedos da mão direita, principalmente o polegar. O médico que o operou não consegue acreditar. A cirurgia correu perfeitamente. Porém, seu nervo mediano foi rompido e, se conseguir voltar a jogar, será com muita dificuldade. É claro que sua carreira profissional foi interrompida. Algo aconteceu naquela sala de cirurgia que os médicos não perceberam.
Por fim, Adolfo (protagonista do meu primeiro romance, doze avós) chega a Liencres para trabalhar durante a primavera e o verão como instrutor de surf. Lá ele conhecerá um personagem que conheceu no passado. Ambos viveram juntos um episódio verdadeiramente trágico.
O ponto de partida foi a história do tenista. Um ambiente hospitalar, fechado, cirúrgico e que precisava de um contraste. Sou fã de montanha e conheço muito bem os Picos. Ocorreu-me que um ambiente montanhoso aberto e luminoso poderia ser o contraponto ideal.
Leituras, autores e personagens
- AL: Você consegue se lembrar de alguma de suas primeiras leituras? E a primeira coisa que você escreveu?
PDR: A primeira leitura foi Ben-Hur, por Lewis Wallace. Eles me deram na minha primeira comunhão. Mas o primeiro grande romance que caiu em minhas mãos e me impactou foi O nome da rosa. Uma mistura perfeita de crime e romance histórico.
A primeira coisa que escrevi foi um poema na 8ª série EGB. A professora pediu que cada aluno escrevesse um romance, respeitando a métrica e a rima. Ele deve ter gostado do meu porque foi publicado na revista trimestral da escola.
- AL: Um autor líder? Você pode escolher mais de um e de todos os períodos.
PDR: Num nível estritamente literário, Francisco Limiar, claro. Suas colunas jornalísticas eram realmente maravilhosas. Suas metáforas, verdadeiras joias. Comecei a escrever porque queria fazer como ele. Depois vieram dezenas, mas Paco sempre será Paco.
Quanto ao gênero negro, gosto muito deles benjamim preto (pseudônimo de John Banville para seus romances policiais) e Joël dicker.
- AL: Qual personagem você gostaria de conhecer e criar?
PDR: O personagem que suponho que está na boca de todos: Don Quixote da Mancha. Também para Raskólnikov (Crime e Castigo) ou Edmundo Dantes, o Conde de monte cristo.
Costumes e gêneros
- AL: Algum hábito ou hábito especial quando se trata de escrever ou ler?
PDR: As musas que contratei só trabalham das 9h às 13h30. Fora desse período não recebo uma única vírgula. As tardes são terríveis.
Para ler, faço em qualquer lugar, menos na cama.
- AL: Qual é o seu local e hora preferidos para o fazer?
PDR: Acho que está mais ou menos respondido acima.
- AL: Que outros gêneros você gosta?
PDR: Não leio apenas romances policiais, na verdade, leio mais de outros gêneros. Eu gosto muito da novela humor (Jonas Jonasson, Davi Mais seguro…), literatura como tal (Munoz Molina, Cortázar, Javier Marias, Maggie PDR: 'Farrell, Martin Amis, John Banville...) e ensaio (os dois últimos Harari, por exemplo).
Pablo del Río — Panorama atual
- AL: O que você está lendo agora? E escrever?
PDR: Agora estou lendo O paciente silenciosopor Alex Michaelides.
Em relação à escrita, ocupado com meu terceiro romance, que terá o mesmo protagonista dos dois anteriores, mas a trama é independente.
- AL: Como você acha que é a cena editorial?
PDR: Existe uma proliferação de autores e obras (ser livreiro é uma profissão complicada no momento). Mas é bom que haja muitas vozes e cada leitor encontre o seu autor.
- AL: Como você está lidando com o momento atual em que vivemos?
PDR: Cada vez no passado foi pior, esse é o meu lema. A sociedade está passando por grandes mudanças, algo que ocorreu ao longo da história, a diferença é que agora elas estão indo mais rápido. A mente tem que estar mais desperta.