A língua das borboletas

Manuel Ribas.

Manuel Ribas.

“A linguagem das borboletas” é um dos 16 contos incluídos na compilação de contos do ensaísta, poeta e jornalista galego Manuel Rivas. Foi originalmente escrito em galego e traduzido para o espanhol pelo próprio autor. A história é sobre a amizade de um tímido menino de seis anos com sua professora em uma modesta cidade da Galícia em 1936, pouco antes da guerra civil.

Desde sua publicação em 1995, Foi listada como uma das melhores obras escritas nas línguas espanhola e galega. Alguns críticos chegam a considerá-la uma das peças mais originais do gênero na literatura universal. Seu “prestígio” aumentou ainda mais após a adaptação para o cinema dirigida por José Luis Cuerda, estreada no Festival de Cinema de San Sebastián em 1999.

O autor

Manuel Rivas é uma das personagens mais importantes da literatura galega. Em 2009 passou a fazer parte da Real Academia Galega e em 2011 a Universidade da Corunha atribuiu-lhe a distinção de Doutor Honoris Causa. Apesar de ser jornalista de profissão, conseguiu combinar sua faceta de "homem da notícia", com uma caneta incansável para poesia, ensaio e contos.

Nasceu na Corunha a 24 de outubro de 1957. Aos 15 anos já ganhava a vida como jornalista escrevendo para o jornal O ideal galego. Após terminar o ensino médio, mudou-se para Madri para estudar Ciências da Informação. Logo depois que ele se juntou Tópico, o primeiro semanário publicado inteiramente em galego. Atualmente colabora com diversos meios de comunicação impressos, incluindo o jornal El País.

Ecologista

Além de se dedicar a escrever a partir de diversos pontos de vista, Rivas é um ambientalista de destaque. Em 1981, ele participou de uma expedição a uma trincheira do Atlântico, onde o lixo nuclear era despejado. Esse protesto terminou com a proibição da Organização Marítima Internacional de usar o fundo do oceano como cemitério de lixo atômico.

Na sequência do “Desastre Prestige” - um navio petroleiro que naufragou ao largo da costa da Galiza em 2002 - motivou a criação da plataforma do cidadão Nunca mais. Além disso, é sócio-fundador do Greenpeace, capítulo da Espanha e seu trabalho foi reconhecido por instituições como a Anistia Internacional.

Que você me ama, amor? (Nome da obra em galego)

O que você me quer amor?

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O que você me quer amor? é uma compilação de 16 histórias com um tema comum: o amor. É um sentimento abordado de diferentes perspectivas, com uma gama muito ampla capaz de incluir (quase) todas as variações cobertas pelo termo. Nem mesmo deixa de fora um tópico que - para o bem ou para o mal - é igualmente essencial: desgosto.

Rivas, ativo no poesia e a narrativa desde o final dos anos 60, alcançou sua consagração definitiva com este título. Seu primeiro livro foi o romance O lápis do carpinteiro (1988); vencedor de vários prêmios e levado ao cinema por Antón Reixa. Mais tarde, ele lançou outra compilação de histórias: Um milhão de vacas (1990), uma mistura arrojada de letra moderna com poesia de composição livre.

"A língua das borboletas"

A língua das borboletas.

A língua das borboletas.

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"A língua das borboletas" é a segunda das histórias incluídas em O que você me quer amor? A primeira história dá nome à publicação. É uma narrativa extremamente simples em um nível estrutural. Nele, a fantasia mais infantil de um menino de seis anos é precisa e quase imperceptivelmente complementada por uma elaborada reportagem jornalística. Além do mais, nenhum detalhe foi deixado ao acaso.

Portanto, o trabalho condensa muita informação em poucas páginas (10). Apesar de não se aprofundar nas descrições - o autor não tem tempo para isso - é muito viável localizar-se no rural da Galiza em 1936. Por isso é possível respirar todos os aromas da natureza, sentir as texturas das árvores, tocar os arbustos, subir o Sinai “e até ver a língua das borboletas”.

Um protagonista com quem chorar

Identificar-se com o Pardal, o protagonista infantil da história, é fácil. Então, o leitor sente em primeira mão seu medo de ir para a escola devido ao medo instilado pelo pai em relação aos professores. Bem, supostamente, os professores "acertaram". A narrativa é tão bem feita que o espectador quase consegue perceber o fedor da urina quando o terror faz a criança perder o controle do esfíncter.

E sim, quem lê, se mergulhar nas cartas de maneira adequada, é quem acompanha o pequeno quando - envergonhado - ele foge depois de fazer xixi nas calças na frente dos colegas. Porém, depois tudo se acalma graças à paciência e gentileza de Don Gregorio, o professor com cara de "sapo". Este último é um personagem que tem uma capacidade enorme de transmitir conhecimento, uma qualidade inversamente proporcional à sua aparência pouco atraente.

Uma história que você já sabe como vai acabar

Don Gregorio é republicano, assim como o pai do menino. Portanto, não é difícil adivinhar as consequências se eles não esconderem seus verdadeiros ideais políticos quando os rebeldes acabarem com a existência da Segunda República Espanhola.

Citação de Manuel Rivas.

Citação de Manuel Rivas.

O primeiro não se curva. O segundo, humilhado, acaba defendendo em voz alta coisas nas quais não acredita. No desespero de se salvar, arrasta o filho inocente, que não entende muito bem os fatos, mas sente que tudo está errado. No final, a beleza é varrida pela barbárie. Embora os protagonistas da história não saibam disso, os leitores entendem que a "ingenuidade" anterior jamais voltará.

A adaptação cinematográfica

Com um roteiro que contou com a colaboração de sua autoria Manoel Rivas, a adaptação de José Luis Cuerda, figurativamente, explode (no bom sentido do termo). Ao ponto que Este filme foi classificado como um dos mais bem produzidos na América Latina em toda a história da sétima arte.

Na verdade, o filme ganhou o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado na XIV edição do Goya Awards. Quem ainda não teve oportunidade de ler esta história está na hora certa. Por quê? Pois bem, bastam cerca de 10 minutos para viajar até aos prados galegos e admirar, na primeira pessoa, “A linguagem das borboletas”.


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  1.   Gustavo Woltman dito

    É muito interessante conhecer os grandes escritores da língua castelhana, vejam, fiquei muito curioso para ler o livro deles e ver o filme.
    -Gustavo Woltmann